Prévia da inflação de março é a maior desde 2023

O IPCA-15 registrou alta de 0,64% em março, desacelerando em relação a fevereiro, quando havia atingido 1,23%, mas levando o acumulado em 12 meses para 5,26%, bem acima do teto da meta, de 4,5% e rompendo a barreira dos 5%. O resultado foi impulsionado, principalmente, pelos grupos de Alimentação e Bebidas (1,09%) e Transportes (0,92%), que, em conjunto, responderam por aproximadamente dois terços da variação mensal do índice. No acumulado do 1º trimestre, O IPCA-15 já bateu 1,99%. Todos os nove grupos pesquisados apresentaram variação positiva no mês. O segmento de Alimentação e Bebidas registrou a maior alta (1,09%), exercendo impacto de 0,24 ponto percentual no índice geral. A inflação da alimentação no domicílio acelerou de 0,63% em fevereiro para 1,25% em março, com destaque para as elevações nos preços do ovo de galinha (19,44%), tomate (12,57%), café moído (8,53%) e frutas (1,96%). A alimentação fora do domicílio também avançou (0,66%), refletindo o aumento nos preços da refeição (de 0,43% em fevereiro para 0,62% em março). No grupo de Transportes, a alta de 0,92% foi fortemente influenciada pelo avanço nos preços dos combustíveis (1,88%). Os aumentos foram: óleo diesel (2,77%), etanol (2,17%), gasolina (1,83%) e gás veicular (0,08%). Além disso, o subitem transporte ferroviário registrou elevação de 1,90%, refletindo o reajuste tarifário de 7,04% no Rio de Janeiro. Por outro lado, o grupo Habitação apresentou desaceleração expressiva, passando de 4,34% em fevereiro para 0,37% em março. A energia elétrica residencial avançou 0,43%, refletindo um reajuste tarifário de 1,37% aplicado por uma concessionária do Rio de Janeiro, mas parcialmente compensado pela redução na alíquota do PIS/COFINS. O gás encanado, por sua vez, registrou queda de 0,51%, com retrações nas tarifas no Rio de Janeiro (-0,92%) e Curitiba (-1,79%). No recorte regional, todas as áreas pesquisadas registraram alta em março. Curitiba apresentou a maior variação (1,12%), impulsionada pelo aumento nos preços da gasolina (7,06%) e do etanol (6,16%). Em contrapartida, Fortaleza registrou a menor variação (0,34%), refletindo a queda nos preços da energia elétrica residencial (-1,69%) e da gasolina (-0,90%). A inflação parece não dar trégua, mesmo com um aumento considerável da Selic do ano passado para cá, chegando ao patamar atual de 14,25%. Os impulsos fiscais e de facilitação ao consumo, via expansão de crédito, fazem um trabalho oposto ao que deveria ser sentido como resultado da maior contração do setor produtivo pelo aumento da Selic. É preciso repensar seriamente a política fiscal e de estímulos ao consumo ou o problema irá persistir.

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