Economia em desaceleração no 2º trimestre

O Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br), que funciona como uma prévia do PIB, mostrou retração de 0,06% em junho em relação a maio, de acordo com os dados divulgados pelo BC, após queda de 0,7% em maio. O resultado reforça a preocupação com a perda de dinamismo da economia, com uma política monetária restritiva, que busca conter a inflação, ainda pressionada pela expansão fiscal. Na composição do indicador, a agropecuária registrou recuo de 2,27%, uma queda menos intensa que do mês anterior (-4,25%). A indústria também apresentou queda no mês (-0,08%), enquanto os serviços registraram variação positiva de 0,10%. Excluindo o setor agro, a atividade econômica apresentou leve avanço de 0,07%. O indicador acumula crescimento de 3,94% nos últimos 12 meses. Com a retração de junho, o 2º trimestre apresentou alta de 0,3% em relação ao trimestre anterior, confirmando a desaceleração da economia. A atividade deve continuar perdendo ritmo ao longo dos próximos meses, à medida que os impactos do aperto monetário se intensificam sobre o consumo das famílias e os investimentos. Atualmente, a taxa Selic está mantida em 15% ao ano desde a última decisão do Copom, com indicação de que seguirá em patamar elevado por um período prolongado. A estratégia busca conter pressões inflacionárias persistentes e manter as expectativas de preços ancoradas. As projeções de crescimento para 2025 já vêm sendo revistas em função do novo cenário externo. Com a implementação das tarifas impostas pelos Estados Unidos, a economia brasileira já começa a sentir os primeiros impactos, sobretudo nas exportações e nas decisões de investimento. A expectativa é de que o PIB possa encolher até 0,9 ponto percentual no acumulado de 12 meses, caso os efeitos se consolidem, com impactos mais expressivos projetados a partir de 2026. No entanto, sinais de enfraquecimento já são perceptíveis neste segundo semestre de 2025. O IBC-Br é considerado um importante termômetro da atividade econômica, já que agrega informações de setores como indústria, comércio, serviços, agropecuária e arrecadação de impostos. O PIB oficial, que mede o desempenho da economia e é calculado pelo IBGE, será divulgado no início de setembro. Ainda assim, o IBC-Br é amplamente utilizado pelo Banco Central como ferramenta de acompanhamento, servindo de guia para calibrar a política monetária. Com a queda da previsão do IPCA desse ano no Boletim Focus para um patamar abaixo de 5,0%, após 12 quedas seguidas de sua expectativa, e dados mais fracos do desempenho da economia brasileira nos últimos meses, as expectativas para uma queda da Selic em dezembro têm aumentado, mesmo com declarações dos integrantes do Comitê de Política Monetária do BC de que a inflação ainda está desancorada e os juros deverão permanecer mais altos por mais tempo.

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