Investimento Estrangeiro Direto no Brasil acumulado até abril é o menor desde 2022

As transações correntes do Balanço de Pagamentos registraram déficit de US$ 1,3 bilhão, valor inferior ao observado no mesmo mês do ano anterior (US$ 1,7 bilhão). No acumulado em 12 meses até abril, o déficit soma US$ 68,5 bilhões, equivalente a 3,22% do PIB. O percentual permanece relativamente estável frente ao registrado em março (3,23%), mas representa deterioração expressiva na comparação com abril do ano passado, quando o déficit equivalia a 1,18% do PIB. A balança comercial de bens, principal âncora do balanço, registrou superávit de US$ 7,4 bilhões no mês, ligeiramente abaixo dos US$ 7,8 bilhões de abril do ano passado. As exportações permaneceram praticamente no mesmo nível (US$ 30,6 bilhões), enquanto as importações subiram 1,5%, alcançando US$ 23,2 bilhões. Na conta de serviços, o déficit somou US$ 4,2 bilhões, retração de US$ 98 milhões frente a abril de 2024. Segmentos como transporte (+8,2%), propriedade intelectual (+18,0%), aluguel de equipamentos (+13,6%) e TI (+30,9%) continuaram a pressionar o resultado. As despesas líquidas com viagens internacionais cresceram 6,6%, atingindo US$ 987 milhões, impulsionadas tanto pelo maior gasto de brasileiros no exterior quanto pela recuperação do turismo. Enquanto isso, a renda primária teve déficit de US$ 5,0 bilhões, queda de quase 10% frente ao mesmo mês do ano anterior. As remessas líquidas de lucros e dividendos diminuíram de US$ 3,7 bilhões para US$ 3,3 bilhões, já as despesas com juros recuaram 9,4%, somando US$ 1,7 bilhão. Essa melhora está ligada a um cenário mais estável para os ativos de dívida e ao ambiente de juros internacionais ainda elevados, mas com menor volatilidade. Os investimentos diretos no país (IDP) \ ingressos líquidos de US$ 5,5 bilhões em abril, acima dos US$ 3,9 bilhões observados no mesmo mês do ano anterior. A maior parte desses recursos (US$ 6,6 bilhões) veio na forma de participação no capital, enquanto as operações intercompanhia apresentaram saídas líquidas de US$ 1,1 bilhão. O IDP acumulado em 12 meses chegou a US$ 69,8 bilhões (3,29% do PIB), enquanto o acumulado do ano foi de US$ 27,3 bilhões, o menor desde 2022. As reservas internacionais somaram US$ 340,8 bilhões em abril, registrando um aumento de US$ 4,6 bilhões em relação a março. Esse crescimento foi impulsionado principalmente pelas variações cambiais (paridades), que adicionaram US$ 3,1 bilhões ao estoque, refletindo a valorização de moedas estrangeiras frente ao dólar. Também contribuíram positivamente a reavaliação de preços dos ativos internacionais, com impacto de US$ 596 milhões, e as receitas de juros obtidas com aplicações no exterior, que somaram US$ 741 milhões. Os dados de abril apontam para uma leve melhora na situação externa do Brasil, com recuo do déficit em transações correntes e aumento no ingresso de investimentos diretos. Ainda assim, no acumulado do ano e dos últimos 12 meses, a trajetória das contas externas exige atenção, reforçando a importância de políticas voltadas à competitividade das exportações e ao fortalecimento do setor externo de forma mais estrutural.

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