O tarifaço já impactou a balança comercial brasileira em julho?

A balança comercial brasileira em julho teve superávit de US$ 7,1 bilhões, resultado inferior ao de 2024, US$ 7,6 bilhões. O saldo positivo tem ajudado o Brasil nas últimas décadas a fechar as contas externas, mas a tendência de queda atual tem trazido preocupações e pode se agravar, com a adoção de novas barreiras comerciais por parte dos EUA a partir de agosto. No acumulado de janeiro a julho, o superávit comercial brasileiro totaliza US$ 37,0 bilhões, uma queda expressiva de 24,7% em comparação com 2024, US$ 49,1 bilhões. Os dados de julho indicam que a decisão de Trump de impor tarifas adicionais sobre as importações brasileiras já começaram a repercutir setorialmente. A medida entrou em vigor hoje (07/08) com uma alíquota total de 50% sobre os produtos brasileiros, uma tarifa básica de 10% e uma sobretaxa de 40%. O tarifaço não apenas encarece os produtos brasileiros no mercado norte-americano, prejudicando a competitividade das exportações brasileiras, mas também pode significar uma inviabilidade econômica de muitos setores. Em julho, as exportações brasileiras totalizaram US$ 32,3 bilhões, crescimento de 4,8% em relação ao mesmo mês de 2024. Os efeitos do tarifaço já são perceptíveis nos dados da balança. As exportações brasileiras para os EUA cresceram 3,8% em julho (US$ 3,7 bilhões) e acumulam alta de 4,2% no ano (US$ 23,7 bilhões). Dentre os principais itens tarifados pelos EUA, observa-se um crescimento significativo das exportações de café (25,4%) e carne bovina (46,9%), indicando um efeito antecipação de envio de mercadorias para os EUA, principalmente. Por outro lado, houve queda significativa nas exportações de celulose (-23,5%) e açúcar (-15,3%). Do lado das importações, o Brasil comprou US$ 25,2 bilhões em produtos no mês passado, um aumento de 8,4% em relação a julho de 2024, num movimento de elevação de importações que continua a preocupar. Novamente, o efeito do tarifaço pode ser visualizado, com um aumento de importações dos EUA, que também podem ser vistos como um efeito antecipação de uma possível retaliação do Brasil, impondo mais tarifas em relação às importações de produtos americanos, que ainda não aconteceu. O efeito das tarifas começa a ser sentido a partir dos dados de agosto, mas ainda pode haver uma reversão ou inclusão de outros itens na lista de exceções, como as mangas e uvas do Vale do São Francisco e pescados do Rio Grande do Norte e Ceará, mas os produtos da indústria de transformação provavelmente continuarão sendo punidos. Enquanto o Brasil não tiver uma movimentação mais engajada por parte do presidente, continuaremos sofrendo as consequências deste tarifaço e levaremos muito tempo para desenvolver novos mercados. Um prejuízo para os setores envolvidos e para o país como um todo.

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