Mauro Cezar

Ele batia fraco, mas assim, o goleiro ia pra um lado, no momento que ele fazia o movimento ele rolava no outro canto. Cara, o Gabigol, ele foi, quando ele era o Gabigol, agora é Gabriel Barbosa, só não dá pra chamar de Gabigol? Não, não dá mais, né? Vamos falar sério. Gabiês Gol, Gabiês Gol, Gabi No Gol. O Gabriel, quando era Gabigol, ele era o melhor comparador de presa do Brasil. Era quase impossível defender. Ele tinha uma técnica que só, pra mim, só era superada pelo Henrique Dourado.

Porque isso é um fenômeno, isso aí é o maior comprador de espelho da história do futebol, eu acho. É bizarro aquele cara, né? Ele consegue fazer melhor ainda. Mas você sabia que era gol. O goleiro ia para o lado, enrolava no outro e tal. Só que a técnica vai sendo desvendada pelos goleiros. Vão percebendo, vão retardando o movimento. No Flamengo, no final da trajetória, já perdeu alguns. Entendeu? Aí, agora ontem foi um negócio, gente, não tem justificativa não, meu irmão. Pelo amor de Deus.

Mas é uma conversa tão surpreendente. Gente, primeiro, o Vasco perdeu para o Juventude em São Januário outro dia. É lógico. Então essa conversa em São Januário não é imbatível. Então assim, não tem argumento para falar em São Januário. É uma conversa de doidos aí. Não tem sentido. É o Maracanã. É o Vasco. Cara, é o Vasco. Parece coisa do tempo do Eurico. O Eurico jogou o final de Libertadores em São Januário.

É isso. Aquele jogo caiu a grade com o São Caetano e o São Januário, porque o Urico queria jogar. E assim, o São Januário não comporta mais as 40 mil, 40 e poucos mil pessoas do passado. Hoje é 18 mil, 17 mil, não chega a 20 mil. É tipo a Vila. Exato. Já foi época que o... Em 77, o Vasco e o Londrina, se não me engano, foi até recorde do estádio. 40 e poucos mil pessoas socadas no estádio. Não tem mais. Tem setor que era arquibancada, está cheio de cadeira. Hoje a gente imita ações impostas pela defesa civil.

Então, não tem como. O São Januário não comporta mais no grande jogo. Tanto que o Vasco quer reformar o estádio nesse acordo que ele tem aí. O Juca... Segundo o que o Juca falou, ele não disse isso. Os jogadores... Sim, sim. Agora, Juca, eu não quero... Eu só estou dizendo isso porque a conversa é tão louca. Sei lá de onde surgiu o Fernandinho, jogador. Algum repórter perguntou, mas não deu a ser sentido. O Vasco tem jogado no Maracanã. Falando em injustiça, Juca, tenho uma pergunta para você.

Então é o seguinte. Primeiro, todas as prévias apontavam favoritismo para duas equipes por uma razão muito simples. Elas tinham uma campanha no brasileiro melhor do que as outras duas. E jogavam melhor do que as outras duas. Isso por quê? Não porque a distância na tabela não é proporcional à distância técnica entre os elencos.

Se você pegar o Vasco e o Fluminense, a diferença não é tão grande. A tabela, a diferença é grande. Olhando os grupos de jogadores, a diferença não é tão grande. O mesmo vale para Vasco e Corinthians. As pessoas não percebem, o Vasco contratou muito. O Vasco está em recuperação judicial e contrata. Pô, legal esse Andrés Gomes aí, né? Pô, agora tem o Thiago Mendes. Olha os zagueiros agora que estão aí e tal. E por aí vai.

Então o Vasco se mexeu, contratou, mesmo entrando, SAF, atenção, virou SAF e entrou em recuperação judicial, que é um passo anterior, uma empresa entrou na falência. Enfim, mas tudo bem, o time se reforçou. Mas o trabalho dos dois técnicos do brasileiro foi ruim.

E Dorival. O Dorival com o Corinthians ficou atrás do Santos, que remou para sair do rebaixamento todo do campeonato. E o Vasco, que brigou uma hora lá para chegar na liberdade, perdeu sete dos oito últimos jogos. Isso é um trabalho ruim. Mas quando chega no mata-mata, existe mobilização. A gente falou sobre isso bastante aqui antes das semifinais. Mobilização, você para tudo, esse é o campeonato. O jogador que entra num jogo contra o Juventude, o mal, entra com outro espírito, sabe que aquela é a chance. Então muda completamente. Você vê a torcida do Vasco.

Tomou de 5 a 0 no Atlético Mineiro, 5 a 0 em Belo Horizonte. O Atlético vinha já se arrastando no final de temporada, melancólica, meteu 5 no Vasco. E a torcida foi. Por quê? É outra mobilização. O cara pensa, cara, essa é a nossa chance. É o Fluminense.

No caso do ponto de vista vascaíno, nós temos uma certa sorte contra esse time. O Vasco se dá bem contra o Fluminense, normalmente. Tem sido assim em vários momentos. Então, outra mobilização. E muda completamente. Aí o jogo se iguala mais. Fica mais proporcional ao que são os dois elencos. Porque eles não são tanto Corinthians e Cruzeiro contra o Vasco. A distância não é a distância da tabela. Para mim, a distância da tabela é reflexo de dois bons trabalhos. No Fluminense do Zubeldia e no Cruzeiro do Leonardo Jardim.

E dos trabalhos ruins dos dois ex-técnicos da seleção, dos seus trabalhos ruins. É bom falar isso, porque agora fica essa conversinha. Cheguei na final do mata-mata, parece que a temporada... Não, não foi, não. O trabalho dos dois foi fraco.

Era para fazer um brasileiro melhor, Vasco e Corinthians. Mas estão na final, então tudo fica de lado. Então vamos falar da final. Eu achei ontem, como foi no jogo de ida, o Cruzeiro, um time muito fraco do ponto de vista emocional. Muito fraco. Eu acho que aí entra o grupo de jogadores e o técnico. Não dá para o Cruzeiro tomar um gol em 21 minutos no Mineirão e esfarelar.

mais nada. O Corinthians controlou o jogo na quarta-feira. E ontem, de novo, quando o Corinthians desconta, e o Cruzeiro ainda está ganhando, ainda está indo para os pênaltis, está fora de casa, jogando muito melhor. Primeiro tempo, o 1x0 foi até barato. O time do Cruzeiro, ele esfarelou. O Matheus Pereira sumiu do jogo. Acabou o Cruzeiro. Aí o Corinthians domina completamente as ações. Um pouco também, como disse o Danilo, na base da pressão ali do vamos que vamos. Aí a bola na trave e tal. E o Cruzeiro não consegue botar a bola no chão, acalmar o jogo.

retomar o controle da partida, usar os espaços para poder contra-atacar. Um time que contra-ataca muito bem, o segundo gol mostra isso, a jogada é precisa. E aí a coisa muda completamente de figura. Eu achei o time do Cruzeiro nos dois jogos um time muito frágil do ponto de vista emocional. O Fluminense tem um sério problema no ataque.

Até quase que o Everaldo fez o gol nele junto, a bola vai na entrada e sobra o gol contra do PH. Mas tem esse crônico problema no ataque do Fluminense, que eu acho que prejudicou muito o time nesses dois jogos. Mas eu acho que ficar agora os dois técnicos, ou sei lá mais quem, exaltando o trabalho dos dois, porque chegaram na final, cara, o mata-mata é assim. O Crystal Palace ganhou do Manchester City a Copa da Inglaterra.

E quantas histórias a gente tem aí de mata-mata com o time mais fraco vencendo ou o time não tão bem treinado. Agora vamos fazer a final. Eu acho que é bem parelho, assim como os dois times são. A minha dúvida é como o Vasco vai se comportar fora de casa no primeiro jogo.

Acho que esse é o grande desafio do Vasco, conseguir jogar bem em Itaquera. Normalmente não acontece, mas como é outra competição, outra mobilização, pode ser que o Vasco consiga se organizar bem. Acho que esse é o grande desafio do Vasco. O Corinthians já sabe mais ou menos como vai ser. A gente tem uma ideia mais clara do comportamento da equipe, como ela reage e tudo mais. Mas o Campeonato Brasileiro, acho que ele apontou uma diferença que não existe entre os elencos. O Vasco se reforçou muito e o time do Corinthians não é um elenco ruim, não.

Vamos com calma. É caro e tem bons jogadores. Subaproveitados durante o Brasileirão. Mas que pode produzir mais, como produziu ontem, no momento que o Cruzeiro mostrou ser um time meio banana. Sabe? Um time meio boda-banana. Tomou o gol, assim, acabou o Cruzeiro. Isso é um negócio... Tem o Gabriel? Tem. Mas não é só o Gabriel. Deva pro Cruzeiro resolver o jogo nos 90 minutos. Teve tudo pra fazer isso. O Gabriel é um capítulo à parte, né, gente? O Gabriel, pelo amor de Deus, né? O Gabriel é autocrítica a zero.

Esse rapaz ficou na reserva dois anos do Flamengo e em nenhum momento ele deu um sinal de que, cara, eu não estou bem, eu preciso melhorar. Não, não. Em momento algum. Vamos lembrar o desfecho dele no Flamengo. Ele repentinamente brilha e faz gols na final da Copa do Brasil de novo. Exatamente. O Felipe Luiz bancando ele. E ele jogando nada. E o Felipe Luiz bancando ele. E ele bancando sim, porque gostava dele, eram amigos, e aí confiou e tal. Como não fez com o Juninho, por exemplo. Coitado que está indo para o México agora, para o Pumas, e que nunca tinha chance.