Telro Presti

O Ciência Suja tem o selo da Rádio Guarda-Chuva. Jornalismo para quem gosta de ouvir. Esse episódio tem o apoio da ACT Promoção da Saúde, uma organização sem fins lucrativos que atua na promoção e na defesa de políticas de saúde pública, especialmente em áreas como controle de tabaco e alimentação saudável. Amanhã vai sair uma pílula complementar

que também foi possível graças à ACT e que mostra como as indústrias do tabaco e do álcool estão com iniciativas pesadas de greenwashing. E o Ciência Suja como um todo tem o apoio do Instituto Serrapilheira, uma organização que promove a ciência e a comunicação científica no Brasil. E bora pro episódio. Um, dois, dia... Hoje é dia 19? 19 de novembro...

Pois bem, e como a gente já tinha esse episódio aqui em apuração, a Chloé aqui do time teve uma sacada interessante. Vamos perguntar para todo mundo qual a pior falsa solução para a crise climática sendo promovida na COP? Nas nossas redes sociais, a gente vai publicar uma coletânea dessas respostas. Mas aqui, a gente vai destacar só algumas. Enfim, um dos primeiros entrevistados foi o Ayrton Escobar, jornalista de ciência que trabalha no Jornal da USP e que está acostumado a cobrir meio ambiente e tantas COPs.

Defender é explorar mais petróleo para financiar a transição energética. Argumentar que precisa explorar mais petróleo para acabar com o petróleo não faz o menor sentido. De fato, a abertura dessa COP no meio da Amazônia, enquanto o governo toca a exploração de petróleo na margem equatorial, foi contraditória, vai? Mas vamos seguir aqui. A Paula Jones, a diretora executiva da ACT, também lançou a braba. Colocar a culpa no indivíduo.

quando na verdade é a culpa das indústrias que estão por trás dessa crise climática, combustíveis fósseis e outras. A Sônia Abridi, que você conhece do Fantástico e que está há décadas cobrindo ciência e meio ambiente, tocou em outro ponto central e que tem muito a ver com esse episódio nosso.

Bora seguir acelerando que a tecnologia e a ciência vão resolver de algum jeito. A Conferência das Partes sobre o Clima tem mesmo um lado de balcão de negócios bem forte. Ela é cheia de representantes de diversos setores tentando pautar as suas soluções sustentáveis para mitigar e se adaptar às mudanças do clima.

E acontece de tudo. Tem desde lobista de petróleo trabalhando nos bastidores para melar as negociações, até setores do agronegócio vendendo soluções de agricultura supostamente sustentável em seus pavilhões.

E o envolvimento dessas empresas gigantes num evento como a COP é estratégico não só para limpar a barra dos vacilos do passado fazendo greenwashing, mas também para elas se colocarem como parte da solução para a crise climática. Sabe carro elétrico? Então, tem tudo a ver com mineração.

Diferente do som daquele palco imenso construído com o apoio da Vale no Rio Guamá, essa música, ou esses sons aí que você escutou, talvez estejam mais próximos de algo sustentável. Dá pra dizer que você tá escutando a música do pulsar da terra. Bem hippie-tilelé isso, e com todo respeito, aliás, aos hippies, tá, gente? Mas esse aí é o som de um cogumelo tocando teclado.

É meio que isso mesmo, eu não tomei cogumelo, chá de cogumelo, antes de ler esse roteiro. Nesse vídeo do projeto Bionic and the Wires, dois artistas foram até um bosque perto de Manchester, na Inglaterra, encontraram uns cogumelos no chão e ligaram neles uns medidores de sinais elétricos.

As oscilações nas ondas elétricas que estão passando nos cogumelinhos e que estão o tempo todo circulando por dentro de todo o ser vivo geram impulsos elétricos que vão dos sensores pra uns braços mecânicos que estão segurando umas baquetas, dessas de tocar xilofone, sabe?

e na ponta de cada baqueta tem um tecladinho, parecido com o que o Felipe Barbosa usa aqui para fazer algumas das nossas trilhas. Aí o impulso elétrico que veio do cogumelo faz a baqueta bater no tecladinho, que gera o som que você está ouvindo, a música do pulsar da Terra Repetilelê.

O Horácio é um argentino, cientista político, que você já escutou antes no Ciência Suja, na dupla de episódios sobre os impactos da mineração. Eles são de maio e junho do ano passado. Depois escuta lá. A Terra é uma pedra viva que tem precisamente a capacidade de capturar os raios do Sol e os raios das energias cósmicas.

de captar através de seus minerais, mas fundamentalmente através das plantas, através do processo de fotossíntese, que é uma maravilha de captação dessa energia física e transformação de energia química. Essa energia, as plantas socializam, transformam e sustenem a vida dos animais. O Horácio respondeu isso aí quando a gente perguntou se é possível ou não fazer mineração sustentável de lítio.

E como a entrevista foi em Portunhol, quando Horácio diz mineria, ele está falando de mineração. Eu diria que nossos corpos fazem mineria sustentável do lítio. Nossos organismos precisam de muitos mineiros para manter a saúde da nossa vida, da nossa vida corporal. Nossos corpos são...

São corpos mineralógicos. Nós temos ossos que tem cálcio, que tem fósforo, que tem magnésio. Nosso sistema nervoso central consome lítio e o lítio tem que ver com o equilíbrio mental e emocional também.

A população está vendo que a mina está tomando os aquíferos de águas subterrâneas e a água e a energia começaram a faltar para a própria população.

A mineradora perfura o solo, puxa a água e deposita ela em piscinões gigantes, de centenas de hectares, e deixa a água ali evaporando, só vendo o acúmulo desse mineral aparecer. São águas fósseis. Estamos falando de um sistema de aquíferos que tem águas de mais de 60 milhões de anos de se acumular, esses aquíferos. E agora estão extraindo, em poucos anos...

para pegar lítio para uma bateria de um carro elétrico. Comunidades que nem consomem muito combustíveis fósseis, que têm seus próprios alimentos, que têm seus ciclos de produção de alimentos e de água. Tudo isso está sendo destruído para pegar o lítio para um carro elétrico. É uma loucura isso.

de reconfiguração ou intensificação do colonialismo. Colonialismo sempre foi um fenômeno energético.